ULTRAMARATONISTA:  Ser ou não ser?

O Post de Hoje é mais um guest Post de outro amigo, o Peterson Cesar. Peterson, é ciclista (espideiro e Mountain Biker de primeira) e hoje é treinador e proprietário do Studio Peterson em Leme-SP. Peterson a alguns anos está envolvido no mundo das Ultramaratonas pois treina e acompanha sua esposa Camila Matte, competidora de ultras a alguns anos.

 

Hoje, a todo o momento, nos deparamos com expressivo número de novos adeptos praticantes da corrida. É fácil, em provas de marcas esportivas famosas, encontrarmos mais de 1.000 atletas alinhados para as distâncias de 5 ou 10 quilômetros, ou já aqui nos familiarizando com as abreviações, 5k e 10k. E, de acordo com o gosto pela corrida e ânsia pela busca de superar limites essas distância tornam-se ilimitadas. Queremos dizer, existe um desejo natural de completar os 15k, 21k e um salto grande, até completar a primeira maratona. Essa última, ou seja, a distância 42k marcará a vida do atleta para sempre. E mais que isso, exatamente neste ponto; neste número, o corredor tomará uma decisão importante, limitada a somente 3 opções. A primeira ele dirá: “…ok, já corri uma maratona na minha vida, agora vou me dedicar a distâncias menores…”.Ou a segunda: “…agora que completei a primeira, preciso melhorar meu tempo na próxima”, e o que consideramos a maior mudança de vida; a terceira: “…acho que conseguiria até correr mais, vou me inscrever numa ultra”.

As ultramaratonas são provas com distâncias superiores aos 42k e no mundo dos “ultras”, algumas distâncias, seja ela designada em quilômetros ou milhas são bem conhecidas e marcantes, como eventos de 50k, 50milhas ou 80k, 100milhas ou 160k e, extrapolando limites, uma das maiores e mais difíceis do mundo a BR135+Ultramarathon, com 281k, realizada no famoso Caminho da Fé; percurso que liga São João da Boa Vista a Campos do Jordão. Também são comuns eventos que desafiam o atleta em percorrer a maior distância num tempo determinado. Geralmente essas provas tem a duração de 6, 12, 24 a até 48horas e são realizadas em circuito, relativamente pequenos de 400 (pista de atletismo) a até 2.700 metros. Mesmo sendo em horas, você até pode descansar por alguns minutos, mas não é raro mulheres superarem a marca dos 90k em 12 horas!!!.

Por passar “horas e horas” correndo os ultramaratonistas são muitas vezes chamados de loucos, tanto por aqueles que sonham em completar a primeira maratona e muito mais ainda por seus colegas de trabalho sedentários. Nós, acostumados aos eventos de longa duração, já diríamos que são pessoas especiais.

Um ultramaratonista encara a distância como um desafio pessoal. Chegar atrás ou a frente de outro corredor é uma consequência natural. Não negaremos que exista uma disputa, porém ela é muito mais interior. Trata-se de uma briga constante consigo mesmo, de superar o próprio limite.

É comum em provas acima de 12 horas, vermos a mais pura expressão de superação. O rosto do corredor aparenta uma sensação de dor. Nos pés, bolhas começam a se formar; e elas são inevitáveis. A dor muscular prejudica a coordenação motora e ver alguns atletas caminhando e se alongando faz parte do “jogo”. As táticas de nutrição, hidratação e toda a dedicação de meses de treinamento são colocadas à prova. E inacreditavelmente o ultramaratonista contínua “seguindo em pé”. O fato desta capacidade psicológica incrível de suportar a dor por longos períodos parece ser o grande diferencial deste super-humano.

Os relatos de corredores pós-prova, contando os “altos e baixos”, os momentos difíceis pelos quais passaram são tão impressionantes, que nos remetem a imaginar uma verdadeira batalha. Citemos o exemplo da ultramaratonista Camila Matte na BR135 Ultramarathon de 2014 ao cruzar a linha de chegada. Ela disse: “…morri e ressuscitei várias vezes na prova…”.

É importante ressaltar que, independente da modalidade esportiva que você pratica, faça-a com muita paixão. E o que parece ser loucura para alguns, na verdade nada mais é, para outros, uma opção de vida.

 

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