Porque eu não tenho mais vontade de correr o Internacional de Santos?

O Triathlon Internacional de Santos, uma das provas mais tradicionais do ano aconteceu nesse domingo em Santos, SP. A prova foi vencida pelo atleta Reinaldo Colucci no masculino e Carla Moreno no Feminino. E para mim o destaque da prova foi Luisa Baptista de 17 anos que promete dar muito trabalho no futuro.

Para quem não acompanhou vale a pena ver o vídeo da prova da Fünf Sports, que na minha opinião fez o vídeo mais legal que eu já ví do triathlon brasileiro.

História do Triathlon Internacional de Santos

Para quem é novo no triathlon é preciso saber que o Internacional de Santos, que acontece desde 1992, já foi uma das provas mais importantes e disputadas do calendário internacional, tendo por muitos anos a premiação de US$10.000,00 apenas para o primeiro colocado.
Tivemos a participação de grandes campeões na prova nomes como Scott Tinley (2 vezes campeão do Ironman do Hawaii), Chris McCormack (Campeão Mundial de Triathlon ITU, Bi Campeão Ironman Hawaii, Alec Roukossoev (Recordista da Natação do Ironman Hawaii), Craig Alexander (Bi-Campeão e Recordista do Ironman do Hawaii), Patricia e Sylviane Pontous (as irmãs mais famosas do triathlon), Carol Montgomery, Joane King, Michellie Jones (Diversas vezes Campeã Mundial da ITU, Medalha Olímpica e Campeã do Ironman Hawai), Vitor Plata, Cameron Widoff, Greg Welch (Campeão Mundial de Triathlon e Duathlon, Campeão do Ironman Hawaii, CAmpeão do Powerman, e 3º lugar no circuito de triathlon itu), Dave Scott (4 vezes Campeão do Ironman Hawaii) Cristian Bustos (3º lugar Ironman Hawaii), Lothar lether (Recordista Mundial Ironman e o primeiro homem a quebrar a barreira das 8h no IM), Peter Reid (Tri Campeão Ironman Hawaii), Susane Nielsen, Sean Welch, Jimmi Riccitelo (Campeão Mundial de Xterra e atual consultor técnico de Lance Armstrong), Sue Latshaw, Lauren Alexander, Ute Schaffer, Mike Pig (um dos triatletas mais dominantes do seu tempo), Mark Allen (4 vezes campeão do Ironman Hawaii). Talvez as provas mais disputadas de todas aconteceram de 1996-2001, sendo na minha opinião, a prova de 1996 a mais disputada de todas e com o maior número de profissionais inscritos e com uma vitória belíssima de Leandro Macedo que disputou ombro a ombro a liderança com Galindez e Mike Pigg até o final.
O Triathlon Internacional de Santos era uma oportunidade de ver os maiores atletas do mundo competindo na nossa frente. Alguns anos o top 10 da prova era muito parecido com o Top 10 do Ironman do Hawaii.

Porque eu não quero mais correr o Internacional de Santos?

O internacional era uma das provas que eu mais gostava de fazer, mas por alguns motivos deixei de fazê-la.

• A prova é cara! Quando pagamos por um hotel 5 estrelas, esperamos um serviço de qualidade e diferenciado, mas não é o que encontramos no Internacional de Santos. Minha impressão é que a organização está mais preocupada em descobrir qual é o máximo que ela pode cobrar de inscrição e não em oferecer a prova com melhor qualidade. Pelo preço a prova oferece muito pouco, e por isso dou preferência a provas melhor organizadas. Quem nunca ficou sem água no Internacional de Santos, levante a mão! Para que pagar um preço 5 estrelas, num serviço ruim?
• Vácuo! O vácuo rola solto na prova amadora. Sempre rolou e pelo jeito sempre vai rolar. Competi a prova de 1998 a 2001. Tive meu melhor resultado em 2000 (1h57min) e ganhei as provas de 1999 e 2001. A categoria 17-19, é a primeira categoria que larga, sendo assim os atletas pedalam sozinhos e a prova é um POUCO MAIS limpa em relação ao vácuo. Já as largadas seguintes, onde os primeiros atletas encontram os retardatários das largadas anteriores, a formação de pelotões é descarada. Em 2001, eu havia acabado de subir para a categoria 20-24 e o que encontrei não foi nada legal. Saí da água entre os primeiros e fiz força sozinho no pedal, quase na chegada da cidade fui alcançado por um pelotão de mais de 40 triatletas que obviamente tinham feito muito menos força do que eu. Fiz uma boa corrida e venci a prova, mas depois de conferir o resultado final e ver que nenhum dos triatletas do pelotão (que eu conhecia) havia sido desclassificado, me senti desrespeitado.
• Roubo na transição. Já fui roubado na transição do Troféu Brasil e no Internacional de Santos. Mais de uma vez! Nas ocasiões questionei o Núbio e a resposta que obtive é que “a organização não podia fazer nada sobre os roubos”. Cansei de ser roubado, na inscrição e na transição.
• Descaso com o atleta. Não sei você, mas o triathlon faz parte do meu estilo de vida. Independente de hoje competir muito menos do que antes, continuo ligado ao esporte e tenho as modalidades do triathlon no meu dia-a-dia. Meu início do triathlon foi um pouco sofrido, viajava de ônibus para prova, dinheiro contado, me hospedava na casa de conhecidos, meu equipamento era de segunda mão. Em 99, na minha primeira vitória, não pude ficar para a premiação, que na época, era realizada numa festa, em uma Boite de Santos, no domingo a noite. Como não tinha dinheiro para ficar mais um dia em Santos tive que retornar para casa. Antes de ir embora falei com o diretor de prova, que me informou que eu poderia ir embora despreocupado, e que eu entrasse em contato com a organização na segunda-feira, passando o meu endereço para que me fosse enviado o troféu e os brindes de premiação….isso mesmo brindes de premiação! Houve uma época que todos ganhávamos relógios timex, algumas vezes tênis (a Rebook e a Adidas ja patrocinou a prova), roupas esportivas….havia até o sorteio de uma vaga para o Ironman Hawaii, na prova. Quando entrei em contato com a organização na segunda-feira, fui informado que não seria possível mais receber o troféu (mesmo que eu pagasse pelo envio) e que meus brindes haviam sido jogados fora! Não morri por causa disso, mas mais uma vez me senti desrespeitado.

Não sei se um dia retornarei a prova, mas o que sei é que toda vez que penso em preencher a fixa de inscrição, essas lembranças afloram na minha cabeça.

Bons treinos!

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